Bienal de Minas,2009.Eu e o escritor José Cláudio Adão ,também ,estaremos em São Paulo.
As Bienais,valem a pena?
Eu confesso: quando o assunto é vender livros, torço o nariz para elas.
Para mim,lembram um pouco o
zoológico;livros e mais livros empilhados em estantes de livrarias famosas –
parecem comprados a metro -muita gente circulando em torno deles,crianças gastando
seus vales- livros em dentaduras e revistinhas como “Glees”,mães apressadas
correndo atrás de livros de auto – ajuda,muita circulação e pouca venda.
Sou meio refratária a multidões, esse
monstro sem cabeça,verdadeiramente assustador.
Ah, mas,é bom para crianças.Será? Eu as
observo a correr de um lado para outro,seguidas por professoras com ar
entediado,procurando livrinhos de $1,oriundos de uma literatura plagiada dos
americanos.
Difícil encontrar bons livros e quando
aparecem, muito caros.
Pesquisei nas inúmeras Bienais que
visitei e constatei que o livro mais barato é uma balela; os preços são os
mesmos das livrarias ou mais caros,até. Aqui,na Bahia,as grandes editoras fazem
“forfait” e,quando vêm engolem as
nanicas que ficam sem chance para mostrar seu trabalho.Os estandes são
caríssimos e ,a grande maioria,mesmo as gigantes,se limitam a expor
livros,pois,se vendê-los pagam muito mais.Não parece as mulheres na vitrine ,em
Amsterdam?
O autor independente também não tem vez
nem voz; soube,por meios oficiosos ,que eles não teriam espaço nesta nossa
bienal baiana,uma das exigências da empresa dona da festa,aliás,a meu ver ,a
única entidade a ganhar com a Bienal.
Autores baianos só os que eles querem e
os escolhidos pela todo poderosa Fundação Pedro Calmon- uma pena!- logo agora
que a nossa literatura cresce e floresce á revelia das entidades
governamentais.
Os ingressos são caros, e, a meu ver,nem
deveriam ser cobrados já que eles recebem polpudos subsídios dos governos federal e estadual.
As Editoras também não têm interesse em
comparecer.Desde quando Editora quer conversar com autor.Ou com o público?
Tirando as evangélicas, as oficiais,as
de livro de auto ajuda e as militares,restam as inexpressivas e as pequenas que
juntaram um dinheirinho para comprar estandes minúsculos gastando um dinheiro
maiúsculo.
Autores importantes não gostam de
comparecer ,ou por não serem remunerados á altura ou porque já estão mesmo de
saco cheio.
Todos que conversei –e,foram muitos nomes de sucesso –
confessaram preferir as festas literárias.Como aliás,eu também.
O leitor pode conferir se estou falando
a verdade. Basta comparar os autores que irão para a FLIPORTO,festa literária
de Olinda,2012(confira a programação no site) ou os que compareceram á
FLICA,recentemente e os que vieram para a Bienal da Bahia,cada dia mais pobre
de grandes nomes e mais ocupadas por autores locais em busca de um bom
palanque.
De dois em dois anos surgem como um
cometa e depois caem de novo no anonimato,sobraçando seus livros que ninguém lê.
Bienal da Bahia,2008.Com o escritor Antonio Torres
Tanto espaço e tanto dinheiro gasto para nada; com o dinheiro de uma
Bienal se faz ,com largueza,três festas literárias.Nestas,o autor interage com
seu público, autografa livros é ouvido,cheirado e comentado.
A Bienal de Alagoas, entre outras,é feita pela Universidade do Estado
e corre bem;me pergunto porque a nossa não pode ser entregue á UFBA com a
desejável participação da Academia de Letras da Bahia,com custos bem
menores e qualidade maior.
Fica a sugestão, senhor Secretário da Cultura.Porque,não?
O público que se dirige para os Cafés Literários, esperando ouvir
sobre a boa literatura ,acaba frustrado,pois,o que aparece mais é o ego do
autor,geralmente enorme.Poucas pessoas fazem
perguntas,a maioria mexe seu café com um ar meio blasé e depois sai em busca de
velórios mais animados.
Lembro-me de uma Bienal onde estava no tal Café esperando beber
sabedoria; estava tudo tão chato que uma funcionária que me conhecia disse:
-Miriam,faça uma pergunta para animar a coisa.
Lembro-me que o debate era sobre Lobato ou a Literatura infantil como
um todo e ,eu ,solicitada,soltei o
verbo.Deu certo,os mortos reviveram e fiquei pensando se,em vez de ser
escritora,troço chato e mal remunerado eu não deveria ser apresentadora de
TV,coisa mais rentável e de fama fácil.
Por essas e outras prefiro ficar em casa arrumando minha mala para a
FLIPORTO,de 2012.E,para a FLICA,em outubro.
As mesas estão demais!
Já a Bienal de São Paulo ,que irei com prazer,vale pelos contatos feitos,pela presença na maior festa literária da América Latina,pelos conhecimentos adquiridos e pela presença de um público multifacetado e ávido por leituras.
Esta festa ainda é um marco no nosso mundo literário.Mas, é bom não ir com muita sede ao pote.Estar lá,firmar a presença da Pimenta Malagueta, visitar e ser visitado por amigos e colegas do ramo,apresentar nossos autores ao público,já é uma aventura de bom tamanho.
Ninguém sai ,realmente,incógnito de uma festa de tal importância!
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