.

.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

LEIA ISTO!




 CONSELHOS DE ROBERT DARNTON, DIRETOR DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE DE HARVARD

A um autor que está para lançar um livro, o que o senhor recomendaria: publicá-lo em papel ou em formato digital?
Eu diria para publicar em papel e também disponibilizá-lo online, de graça, para que as pessoas possam prová-lo – aquilo que os franceses chamam  de degustação. Um dos problemas, especialmente para autores que estão começando, é que eles não conseguem emplacar livros nas lojas. Os lojistas não exibem as obras, e ninguém fica sabendo delas. O marketing online pode ser um caminho para impulsionar a venda do livro impresso. Principalmente se o romance for longo, eu duvido que o leiam inteiro na internet.

Não é a hora ainda, portanto, de abandonar o papel?
Não, de modo algum. É incrível, mas as estatísticas mostram que o número de livros impressos no mundo – é fantástico – só fazer crescer, crescer, crescer. Todo ano, há mais livros impressos que no ano anterior. E estou falando de títulos novos. Temos cerca de 1 milhão de títulos novos por ano. Então, a ideia de que o livro impresso está morrendo é uma loucura. Não creio que os livros impressos se tornarão objeto de colecionador, produtos de butique. Acho que teremos livros híbridos, ao mesmo tempo impressos e eletrônicos. Prevejo um período em que eles irão coexistir. O livro impresso é uma invenção maravilhosa, e ele funciona tão bem há tanto tempo.
E quanto à força demonstrada pelo livro eletrônico? A Amazon anunciou que já vendendo mais e-books do que títulos em papel.
Pelo estudo da história da comunicação, que é o meu campo acadêmico, nós aprendemos que uma mídia não substitui outra. Nós tivemos jornais e veio o rádio e não matou os jornais, como a TV não matou o rádio. Agora, nós temos a internet, e a TV está sobrevivendo. É claro que, num longo prazo, uma mídia pode expirar. Mas não num curto espaço de tempo. E uma coisa interessante na história dos livros é que, após a descoberta da prensa por Gutemberg, foram publicados mais livros manuscritos que antes. Então, Gutemberg não destruiu as publicações manuais, mas lhes deu nova força. Os dois formatos coexistiram por um período.
O senhor reconhece o potencial que a internet tem de fazer avançar os ideais do Iluminismo. Ao mesmo tempo, é crítico dos limites impostos a esse avanço. Quais são os maiores inimigos da República das Letras em sua versão digital?
Eu admiro a ideia de uma República das Letras, desenvolvida nos séculos XVII e XVIII. Ela representa um mundo aberto a todos. É uma ideia bonita e acredito que a internet a torne possível. A internet tem condições de democratizar a informação. Mas há também os inimigos que impedem essa democratização na rede. Em primeiro lugar, tem a questão dos direitos autorais, que limitam o acesso aos livros. Segundo, há um perigoso comércio online, que vai contra o ideal original da web, de livre acesso à informação. Em terceiro lugar, tem o Google, capaz de comercializar o acesso ao conhecimento pelo Google Book Search, em que é preciso pagar para ler livros que não sejam de domínio público.


Nenhum comentário: